Vermes nos olhos dos peixes



Os vermes nos olhos dos peixes ocorrem na natureza em peixes de água doce dos rios e reservatórios de diversas regiões do país ( carás, corvinas, traíras, tucunarés, matrinxãs, etc...).

Os vermes são parasitas  trematódas e também infestam peixes de cativeiro.

As águas represadas, as plantas aquáticas, a presença de caramujos (um dos hospedeiros intermediários desses parasitas) e as constantes visitas de aves piscívoras (algumas das quais podem ser o hospedeiro final dos vermes) são alguns dos  fatores que desencadeiam a doença.

Além da presença dos hospedeiros acima citados, há outras condições que favorecem as infestações nas pisciculturas, tais como o inadequado planejamento, a má qualidade da construção dos tanques, a estratégia de produção adotada nas fases de produção e o  manejo alimentar incorreto.

É muito importante ressaltar que esses vermes não causam risco às pessoas mas a  presença deles nos  olhos dos peixes causa repugnação .

Ciclo de vida desses parasitas : 

Uma ave infestada com os vermes defeca nos tanques e açudes ( exemplos : biguá, mergulhão, pato preto, garça branca, socó,  martim-pescador, tuiuiú, maguari, etc... ).

Os ovos dos vermes estão presentes nas fezes e são liberados na água.

Dos ovos eclodem larvas que procuram um hospedeiro intermediário, nesse caso geralmente um caramujo. Uma vez dentro do caramujo as larvas desenvolvem-se, ficam maduras e  transformam-se em cercárias , que são as formas infestantes do verme . 

Quando deixam o corpo dos caramujos, precisam encontrar rapidamente um peixe para se alojarem.

Elas penetram ativamente através da pele e da mucosa bucal dos peixes, onde sofrem o ataque de células de defesa  (sistema imunológico).

Por isso precisam migrar rapidamente para os olhos (através do nervo ótico ou da circulação sanguínea), onde encontrarão condições mais propícias para se desenvolverem  pois nesse órgão não há uma reação imune contra as larvas e existem nutrientes adequados para que elas se desenvolvam e transformem-se em metacercárias, que é a forma do verme visível a olho nu.

As larvas também podem  alojar-se em algumas partes do cérebro dos peixes e na porção anterior da coluna vertebral (espinha dorsal) onde, acredita-se,  poderiam prejudicar a natação e as reações dos peixes para evitar predadores.

Quando uma ave come um peixe infestado com o verme, as enzimas digestivas da ave rompem


a cápsula que contém as larvas.

Aquelas que escapam da ação de ácidos e enzimas no estômago,  alojam-se no intestino, onde se desenvolvem em vermes adultos e produzem ovos, que serão excretados nas fezes das aves, fechando o ciclo de vida do parasita.

No início da infestação há redução de cerca de 10% da visão .

Além disso, os vermes podem causar cataratas (opacidade da córnea) e cegar os peixes.

Cegos, eles tem dificuldade de encontrar o alimento, perdem peso, ficam debilitados, sujeitos às enfermidades, ficam nos locais mais rasas, onde há mais luz e estão mais susceptíveis à predação por aves e outros animais.

Durante a enfermidade, o corpo dos peixes escurece e eles  nadam com o corpo inclinado.

Prevenção :

- dificultar a visita ou acesso de aves piscívoras aos tanques de cultivo com a instalação de redes antipássaros.

- controle da população de caramujos que estão presentes devido à matéria orgânica acumulada e pela presença de plantas aquáticas nos tanques de piscicultura ( nas plantas estão os ovos e os pequenos caramujos recém-nascidos).

- controlar os caramujos com a introdução de peixes como o  tambaqui e o pacu ).

- controlar os vegetais com a introdução de exemplares de carpas capim.

- reduzir a  matéria orgânica

Em relação ao verme dos olhos dos peixes, o que hoje é sabido é que o risco de infecção de seres humanos pelo consumo de um peixe infectado é praticamente zero.

As pisciculturas localizadas próximas aos refúgios de aves e com muitos caramujos em seus tanques correm mais risco de problemas

Caramujos demais indicam um acúmulo excessivo de material orgânico na água. Isso pode estar relacionado a excessivas taxas de alimentação (em função de elevadas densidades de estocagem de peixes) ou ao uso de alimentos de baixa qualidade. O excesso de vegetação nas margens das unidades de cultivo também favorece o desenvolvimento dos caramujos.

Deve-se ter precaução com a  água de abastecimento pois ela é uma importante fonte de infecção.

Jorge Meneses - Biólogo - Consultoria para pisciculturas e pesqueiros

Contato : ( 11 ) 998116744 ( vivo e whatsapp )

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