Alimentação dos peixes de pesque pagues.
Em quase todos os pesqueiros há o costume de não fornecer
alimento aos peixes por três motivos principais : alegação que a " ração
custa caro " , acreditam que, agindo assim, os peixes "ficarão com
muita fome" e irão fisgar qualquer coisa que o pescador utilizar como isca
" e também terão que disponibilizar mão de obra só para alimentá-los. Para
entender todo o mecanismo, devemos
lembrar que , de maneira geral, as pisciculturas costumam engordar os peixes
com ração desde o período de alevinagem . Alguns criatórios alimentam os peixes
com dejetos provenientes da criação de suínos mas fornecem ração nos últimos 2
meses antes de comercializá-los ao pesqueiros.
Quando o dono do pesque-pague resolve
"não dar ração" , o tiro sai pela culatra e o resultado costuma ser o
contrário do esperado e planejado pois
os peixes, antes acostumados a comer diariamente e agora famintos, irão "
se virar " , voltando ao seu comportamento natural revirando o fundo
lodoso ou filtrando os organismos microscópicos existentes no
lago onde encontrarão o alimento para saciar parte de sua fome ( exemplos
: tilápias, tambaquis, carpas cabeçudas,
carpas prateadas, etc... ).
Como a quantidade de alimento natural
disponível no lago não costuma ser suficiente para a grande população de peixes
que ali estão, esses emagrecerão, o que significa prejuízo para o proprietário
do pesqueiro que adquiriu-os por peso e assim os venderá, agora com menos peso
do que quando chegaram.
Outra consequência negativa é que ,
quando o pescador tentar fisgá-los com " massinhas",
"ração", etc... os peixes estranharão esses alimentos e terão pouco
interesse pela isca, pois perderam o costume de ingeri-los e estão "
preferindo " e agora acostumados a alimentar-se do que o ambiente aquático
oferece naturalmente.
O que fazer então ? Deve-se fornecer pequenas
quantidades de ração o maior número de vezes possível durante o dia ( mesmo com
as reclamações dos pescadores que logo entenderão as vantagens ) . Isso manterá
o hábito de comer ração , deixará os peixes sempre famintos, atentos e ativos
durante todo o período de funcionamento do pesque-pague além de não permitir
que percam peso.
Alimentados parceladamente
continuarão com fome e estarão sempre a espera de algo para comer. Os peixes
tendem a ganhar peso e o retorno do investimento estará garantido.
Sugerimos fornecer cerca de 2 % do
peso vivo existente no lago por dia.
Exemplo
: se houver 2.000 quilos de peixes , deve-se fornecer 40 quilos de ração com 32
% de proteína por dia.
Vale lembrar que rações balanceadas
possuem os ingredientes necessários para os animais, tais como proteínas,
vitaminas, sais minerais, gorduras, energia, aminoácidos essenciais, etc... Se
o peixe não ingerir esses elementos, estará mais sujeito a estresse, doenças e
morte.
Outra consequência positiva é que os peixes
aprendem a associar a presença do " homem" ao alimento que virá,
perdendo o medo e aproximando-se do local onde está o pescador.
Certa ocasião orientamos o proprietário de um
pesque pague na região de S. Bernardo do Campo (SP) quanto a esse manejo : a sua
reclamação era que "os peixes não estavam sendo fisgados". Após
descrever-nos como eram as práticas do estabelecimento, orientamos a proceder
como relatado no parágrafo acima. Quando ali retornamos 30 dias depois, ele
convidou-nos a caminhar em volta do lago : os peixes , antes assustados , agora
seguiam-nos sem a menor preocupação , sem medo e na expectativa de que logo nós
iríamos alimenta-los.
Não se deve jogar a ração sempre num mesmo
local para não acostuma-los a comer só ali. Recomenda-se espalhar a ração ao
redor do lago para que todos os peixes possam ingerí-las e por que os
pescadores posicionam-se também dessa maneira.
Não se deve dar a ração antes do
pesqueiro abrir para o público nem tampouco após os clientes irem embora, pois
nesse caso, estaremos condicionando os peixes a comerem somente nesses dois
momentos. Como ficarão os pescadores ao longo do dia ? Terão dificuldades em
fisgá-los e aí, as reclamações também virão. Se for o caso, é preferível
alimentar os peixes logo cedo do que no final do dia.
O proprietário do pesqueiro deve
ficar atento pois na época fria as águas dos lagos possuem temperaturas mais
baixas do que na primavera/verão, principalmente nas primeiras horas do dia.
Como os peixes são animais pecilotermos (sangue frio) seu metabolismo diminui
no outono/inverno e portanto, movimentam-se e comem muito menos que nas épocas
quentes. Deve-se então regular a quantidade de ração fornecida de acordo com a
época do ano, de maneira que não haja sobras, o que iria comprometer a
qualidade da água.
Uma outra dica útil é um mês antes de iniciar-se
a época fria do ano, é fornecer ração com 32 a 36 % de proteína e enriquecida
de vitamina C para melhorar o sistema imunológico dos peixes e prepará-los para
enfrentarem o inverno.
Jorge Meneses - Biólogo - Consultoria para pisciculturas e pesqueiros.
Contato : ( 11 ) 998116744 ( vivo e whatsapp )
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